Você tem problemas com oração subordinada substantiva?

subordinada substantiva

Siga lendo a postagem que, ao final, eu garanto que não terá mais. 😉

Bom, como sempre digo, primeiro precisamos saber o que é refogado, para depois começarmos a fazer o arroz. Certo? Comecemos:

O que é oração? Respondo-lhe: É um enunciado que se organiza a partir de um verbo: O flamengo/sempre vence (sujeito e predicado) ou /Choveu em Niterói (apenas predicado, sem sujeito). Bem diferente de frase, por exemplo, que pode nem possuir estrutura sintática, como: Caramba! Fogo! Silêncio. Estas, inclusive, por dependerem da situação em que acontecem, são chamadas de frases de situação. Já período é um enunciado com sentido acabado em que se obedecem às regras sintáticas da língua. 

Vejamos um período simples, também conhecido como oração absoluta:
O estudo de sintaxe ainda provoca arrepio em alguns alunos
(uma oração apenas = um único verbo).

Agora, um período composto (duas ou mais orações = dois ou mais verbos):
Renata entrou na sala de aula,/apagou o quadro/e sentou na cadeira do professor.
                    oração 1                       oração 2                             oração 3

Beleza? 🙂
Entendido sobre o que é uma oração, vamos compreender agora o que é uma oração principal e sua subordinada:

O diretor autorizou sua inscrição. Trata-se de um período simples, com uma única oração (absoluta), em que temos sujeito (O diretor), um verbo transitivo direto (autorizou) e um objeto direto (sua inscrição). Este, composto praticamente por uma só palavra (inscrição).

Mas:

O diretor autorizou/que você se registrasse (período composto, duas orações), sendo que a primeira é a principal e a segunda… a segunda… é uma subordinada! Certa a resposta! E a segunda está subordinada à primeira como objeto direto de um verbo da principal. Perceba que, em vez de serem duas palavras como objeto direto, sua inscrição, temos uma oração inteira funcionando no lugar do objeto direto: que você se registrasse. 

Então, nesse exemplo específico, estamos diante de uma subordinada substantiva objetiva direta: uma oração que funciona como objeto direto de um verbo da oração principal – O diretor autorizou.

Só que, além dessa, temos ainda a subordinada substantiva

  • subjetiva
    funciona como sujeito da oração principal
  • objetiva indireta
    funciona como objeto indireto do verbo da oração principal
  • predicativa
    funciona como predicativo do sujeito da oração principal
  • completiva nominal
    funciona como complemento nominal de um nome da oração principal
  • apositiva
    funciona como aposto de um nome da oração principal

Exemplos de cada uma delas:

  • Decidiu-se/que você não joga mais no time (subjetiva)

Decidiu-se – oração principal com verbo transitivo direto na voz passiva sintética (equivale a foi decidido, voz passiva analítica)
se – partícula apassivadora
que você não joga mais no time – subordinada funcionando como sujeito

Note que não existe sujeito na oração principal. O sujeito é a própria oração subordinada e seria como dizer: que você não joga mais no time foi decidido. Quando temos a voz passiva sintética, o agente da passiva costuma ficar indeterminado: Quem decidiu? Não sabemos.

Outro exemplo: Interessa-me/que você venha. Assim, temos: que você venha (subordinada como sujeito), interessa-me (oração principal com verbo transitivo indireto) e me (pronome oblíquo átono como objeto indireto – me equivale a a mim).

Bom ressaltar que, na oração subordinada substantiva subjetiva, o verbo sempre estará na terceira pessoa do singular: decidiu, interessa etc.

  • Necessito/de que me respondam logo (objetiva indireta)

Necessito – oração principal com verbo transitivo indireto (pede preposição)
de que me respondam logo – oração subordinada substantiva objetiva indireta
Liga-se ao verbo da oração principal com preposição. No exemplo acima, com a preposição de.

  • A verdade é/que ele colou na prova (predicativa)

A verdade é – oração principal
que ele colou na prova – oração subordinada substantiva predicativa
Liga-se ao sujeito da oração principal (A verdade) através de um verbo de ligação (em geral, verbo ser). Mas não só. Ex: A gentileza anda escassa na vida (verbo andar em sentido diferente de caminhar é de ligação).

  • Ninguém teve dúvida/de que o deputado mentiu (completiva nominal)

Ninguém teve dúvida – oração principal
de que o deputado mentiu – oração subordinada substantiva completiva nominal
Liga-se a um nome da oração principal (dúvida) com preposição. Nesse caso, preposição de.

Atenção: Não há como confundir a completiva nominal com a objetiva indireta, porque a nominal se liga a um nome, enquanto a indireta, a um verbo. Perceba a diferença:
Ninguém duvidou/de que o político mentiu (subordinada substantiva objetiva indireta, porque duvidou é verbo e não substantivo, como dúvida). Ok? 😉

  • Avistei um avião, que voava baixo (apositiva)

Avistei um avião – oração principal
que voava baixo – oração subordinada substantiva apositiva
Liga-se a um nome da oração principal sem preposição e sem verbo de ligação.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Nunca mais confunda adjunto e complemento

Armando Sendin (detalhe)

menino e o cão foto para blog 2

“Nenhum ser humano me deu jamais a sensação de ser tão totalmente amada
como fui amada sem restrições por esse cão.”
                                                             Clarice LispectorA descoberta do mundo

Adjunto e complemento nominal: esses amigos leais

Uma das coisas de que lamento na vida é de não ter tido um cachorro na infância. Fui criança medrosa (até formiga eu temia). A experiência, no entanto, não me foi negada: hoje, adulta, tenho o meu Ulisses. Tive Pingo e ainda tenho um gato: Guepardo.

Quem tem bicho sabe o quanto eles são amigos e colados na gente o tempo todo. Um convívio bem bacana. Bem como o adjunto adnominal e o complemento, sempre leais amigos dos nomes que escolheram para dono. Mas, do mesmo jeito que Pingo e Ulisses eram diferentes em sua maneira de ser, apesar de iguais na amizade canina, o adjunto e o complemento têm diferenças também.

 

E como sabemos? Você pergunta.
Através das palavras, respondo. É uma boa maneira de saber.

As que funcionam como adjunto são as seguintes: artigos, adjetivos, numerais, locuções adjetivas e os pronomes adjetivos. Também é importante saber que o adjunto adnominal só se liga a substantivos (concretos e abstratos) com ou sem preposição. Veja:

A menina sapeca/aprontou/três estranhas peraltices/num dia de chuva/das suas férias

A – artigo definido singular como adjunto do substantivo menina
sapeca – adjetivo como adjunto do substantivo menina

três – numeral como adjunto do substantivo peraltices
estranhas – adjetivo como adjunto do substantivo peraltices

um (de num: preposição em + artigo indefinido um) – adjunto do substantivo dia
de chuvalocução adjetiva como adjunto do substantivo dia

as (de das: preposição de + artigo definido plural as) – adjunto do substantivo férias
suas – pronome adjetivo do substantivo férias.

Note! Menina é um substantivo concreto e peraltices, dia e férias são abstratos. Mas todos são substantivos. 😉 Entendido?

 

Já o complemento…

Nunca se liga a substantivos concretos. Mas está sempre ligado com preposição a palavras de sentido abstrato. São elas:

  • substantivo abstrato
  • adjetivo
  • ou advérbio

Exemplo:

Tenho medo de abismo 
(complemento nominal pedido pelo substantivo abstrato medo)
Estou certa da vitória 
(complemento nominal pedido pelo adjetivo certa)
O professor respondeu apressadamente ao aluno
(complemento nominal pedido pelo advérbio apressadamente)

Lembrando que adjetivo e advérbio são sempre palavras abstratas. O que não ocorre com o substantivo, que tanto pode ser concreto quanto abstrato, como vimos acima.

 

Mas… e quando coincide? Como assim?

Ora, se a construção textual vir com substantivo abstrato e preposição. Como sabermos, então, se é adjunto ou complemento, já que pode acontecer nos dois casos? Simples! 🙂 Acompanhe abaixo:

adjunto e complemento

Outro exemplo:

  • A réplica do promotor/foi pertinente

réplica – substantivo abstrato
do promotor – adjunto adnominal com preposição

  • A réplica ao promotor/foi pertinente

réplica – substantivo abstrato
ao promotor – complemento nominal com preposição

Sabemos que a primeira construção é adjunto porque a réplica é do promotor (indica posse, a réplica é dele!). Além disso, ele é o agente da réplica (ele dá a réplica!). Já na segunda,  ao promotor é o alvo da réplica e aí deixa de ser agente da ação para ser paciente. Perceba que, na frase com o complemento, podemos dizer que o promotor foi replicado, ele sofreu a réplica. O que não acontece com o adjunto na primeira frase.

Mais uns exemplos
Agora, com substantivos abstratos diferentes, partindo da premissa agente/paciente para entendermos melhor.

  • propaganda de TV (a propaganda é da TV/ela é o agente da propaganda)
    adjunto
  • anunciante de carros (carros são anunciados/paciente da ação)
    complemento
  • divulgação do site (o site é divulgado/paciente da ação)
    complemento
  • abertura do processo (o processo é aberto/paciente da ação)
    complemento
  • qualidade do produto (a qualidade é do produto/ele é o agente da qualidade)
    adjunto

Nem a TV nem o produto são alvos ou sofrem ação da propaganda ou da qualidade. Por isso, são adjuntos e não complementos. E não há como transformá-los para a voz passiva como em carros são anunciados, site é divulgado e processo é aberto.

Beleza?
Beijo e boa sorte.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sintaxe não é monstro, gente

SINTAXE

Vamos combinar que não é esse bicho de sete-cabeças todo que pintam? Desde que você conheça bem as palavras, analisar como cada uma funciona na frase torna-se fácil, fácil. O substantivo estudado na morfologia, por exemplo, pode ocupar no período analisado a função de sujeito, objeto direto etc. O adjetivo, por sua vez, pode aparecer como adjunto adnominal, predicativo do sujeito e por aí vamos. Também é importante sabermos que, em toda oração, existem os termos ligados a nomes e os termos ligados a verbos .

Vejamos. Se uma palavra vem relacionada a um nome, só poderá assumir as seguintes funções:

  • adjunto adnominal
  • predicativo
  • complemento nominal
  • aposto

Mas se vem associada a um verbo, ocupará as funções de:

  • objeto direto
  • objeto indireto
  • agente da voz passiva
  • adjunto adverbial

Exemplo:
Tristes árias/silenciam as pessoas na ópera
Sujeito                      Predicado  

Tristes árias – sujeito da oração
silenciam – núcleo do predicado
as pessoas – objeto direto
na ópera – adjunto adverbial de lugar

Mas podemos especificar ainda mais:

árias – substantivo
(funcionando como núcleo do sujeito)
tristes – adjetivo
(funcionado como adjunto adnominal de árias)
silenciam – verbo
(núcleo do predicado verbal)
as – artigo definido plural
(funcionando como adjunto adnominal do substantivo pessoas)
pessoas – substantivo
(funcionando como núcleo do objeto direto)
na – preposição em + artigo a
(a funcionando como adjunto adnominal do substantivo ópera)
ópera – substantivo
(núcleo do adjunto adverbial de lugar)

Beleza? Se deixei alguma dúvida, faça contato que esclareço.
Continuamos com mais exemplos de cada função nas próximas postagens, ok?
Até mais. 😉

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Você conhece bem as nossas palavras?

Quintana e Contreras

– Você ainda não leu O Significado do Significado? Não? Assim você nunca fica em dia.
– Mas eu estou só esperando que apareça O Significado do Significado do Significado.
                                                              Mário Quintana (Fonte: pensador.uol)

 

Eu não me canso de dizer que quem não sabe o “a” não pode saber o “ba”. Ou como já argumentei num texto postado em meu face: quem não entende o que significa refogado, não tem como começar a preparar o prato. Ou seja, se você não sabe distinguir bem cada classe de palavra, se é um adjetivo, numeral etc, não tem condições de analisar sintaticamente como cada uma funciona numa oração ou período. Muito menos utilizá-la de forma adequada num texto.

Então, vamos conhecê-las de perto?

Substantivo nomeia o que existe: mulher, castelo, nação
Adjetivo qualifica o substantivo: mulher ponderadabelo castelo, nação desenvolvida
Artigo – especifica ou generaliza o substantivo: a mulher, uma mulher
Numeral – dá noção de número: primeiro, seis, oitenta
Pronome *substitui ou #modifica substantivo: ela, aquele
(mulher comprou castelo / *Ela comprou #aquele castelo)
Verbo – marca uma ocorrência no tempo: estudei, falar, trabalhamos
Advérbio  altera verbo, adjetivo ou outro advérbio:
Falou devagar
(advérbio de modo alterando verbo falar)
Nação muito desenvolvida
(advérbio de intensidade alterando adjetivo desenvolvida)
Falou tão devagar
(advérbio de intensidade alterando advérbio de modo devagar)
Preposição – liga uma palavra a outra: leite de soja, arroz com feijão
Conjunção – liga duas orações:
Trabalhou muito. Comprou o castelo.
Trabalhou muito e comprou o castelo.
Interjeição – expressa emoção repentina: Poxa! Ah! Ui!

Lembrando que substantivo, adjetivo, artigo, numeral, pronome e verbo são palavras variáveis, ou seja, mudam em gênero (masculino/feminino), número (singular/plural) e no caso do verbo, especificamente, além de pessoa e número, em tempo e modo verbais. Já advérbio, preposição, conjunção e interjeição são termos invariáveis: não mudam em contexto algum.

Lembre-se ainda:

Substantivo é modificado por adjetivo (mulher ponderada), por artigo (a mulher), por pronome (aquela mulher) e por numeral (três mulheres). Verbo, por sua vez, é modificado apenas por advérbio (estudamos bastante).

Beleza? Na próxima postagem, vamos ver como cada uma funciona sintaticamente falando. Ok? Até já! 🙂