Uso da vírgula

Muitos de nós demonstramos dificuldade ou confusão na hora de usar a vírgula porque, quando falamos, fazemos pausas que, na escrita, não existem. Mas é bem simples usarmos a vírgula corretamente. Basta não esquecermos a regra básica da ordem direta e da ordem inversa.

Vejamos abaixo:

Na ordem direta, sujeito + verbo + complementos do verbo + adjunto adverbial, não usamos vírgula:

A blogueira    começou    o vídeo    às nove horas
(Sujeito)           (verbo)      (obj.dir)      (adj adv)

Mas na ordem inversa…
Se iniciarmos a oração com o ajunto adverbial, por exemplo, usaremos vírgula:

Às nove horas, a blogueira começou o vídeo.

E não importa o tamanho da oração! Se estiver na ordem direta, continuará sem vírgula:

A divertida blogueira paulista resolveu começar a transmissão do vídeo exatamente às nove horas.

A divertida blogueira paulista – sujeito
resolveu começar – locução verbal (dois ou mais verbos para expressar uma única ação)
a transmissão do vídeo – objeto direto
exatamente às nove horas – adjuntos adverbiais de modo (exatamente) e tempo (às nove horas)

Já na ordem inversa, como vimos:

Exatamente às nove horas, a divertida blogueira paulista resolveu começar a transmissão do vídeo.

Blz? Mas isso é o básico. Ainda volto nesse assunto.

 

 

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Casos facultativos e especiais no uso da crase

crase2

Na adolescência, sempre fui orgulhosa de NUNCA errar crase! Eu me gabava mesmo, dizendo: “Eu não erro crase nunca!” Pois, sim. Isso até uma “rival” do colégio (em rival, leia-se a fim do mesmo garoto) até uma rival do colégio soltar a seguinte pérola: “Tudo tem uma primeira vez, tá?” 😦

Já adulta e com um erro de crase no meu histórico de provas  – deixei a praga pegar, hehe – aprendi a nunca dizer nunca. Mas continuo orgulhosa de conhecer bem o assunto. Até porque crase é muito legal! 🙂

Então, vejamos os casos facultativos e especiais? Costumam ser a pedra no sapato das pessoas. Acompanhe abaixo:

Facultativos

A crase pode ou não ocorrer:

  • Antes de nomes femininos
    Agradeça a (à) Ana Lúcia
  • Antes de pronomes possessivos
    Agradeça a (à) sua madrinha 

Isso acontece porque tanto os nomes próprios femininos quanto os pronomes possessivos aceitam ou não o artigo ‘a’ antes de si. Daí que pode ocorrer ou não o fenômeno da crase.

  • Depois da preposição até
    Fui até a praça
    Fui até à praça

Isso porque essa preposição pode ser usada sozinha (até) ou em locução com a preposição a (até a). No caso acima, temos: Fui até a praça (artigo a antes de praça) e fui até à praça (preposição a de “até a” + artigo a de “a praça”). Beleza?

LEMBRE-SE SEMPRE!Sem título

Agora, os casos especiais

  • Crase antes de casa
    No sentido de casa da própria pessoa, não ocorre. Mas determinada por um adjunto adnominal, então temos crase:
    Fui a casa buscar meu celular
    Fui à casa de meus avós
  • Crase antes de terra:
    No sentido de terra firme, em oposição a mar ou ar, não ocorre. Mas determinada como vimos acima, aí sim!
    A tripulação já voltou a terra
    A tripulação já voltou à terra da esperança
  • Antes dos pronomes relativos quem e cujo, não ocorre:
    Encontrou a pessoa a quem procurava
    Entendi o contexto a cuja impunidade se referiu
     
  • Antes dos relativos qual ou quais se o masculino correspondente for ao qual ou aos quais:
    Esta é a exposição à qual me referi  ->  Este é o documentário ao qual me referi
    Estas são as esculturas às quais me referi  ->  Estes são os quadros aos quais me referi
  • Antes dos pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(as), aquilo:
    Sempre que o verbo exigir preposição ‘a’ e vier seguido desses pronomes, teremos crase da preposição ‘a’ com o ‘a’ inicial deles.
    Dirijo-me àquele país / Aspiro a isto e àquilo / Falou àquelas pessoas / Referiu-se àquela situação
  • Crase da preposição ‘a’ com o pronome demonstrativo a/as (= aquela):
    Ocorre sempre antes do pronome relativo que (à que) ou da preposição de (à de). Para não errar, basta verificar se, no masculino, teríamos ao que ou aos que.
    Houve um palpite anterior ao que você deu  ->  Houve uma sugestão anterior à que você deu
    Mas:
    Se no masculino, tivermos a que, no feminino não ocorrerá.
    Não gostei do filme a que você se referiu  ->  Não gostei da peça a que você se referiu

    Antes da preposição de, a mesma coisa.
    Meu palpite é igual ao de todos ->  Minha opinião é igual à de todos

Ok? Lembrando que conhecermos regência verbal é muito importante para não errarmos crase.  Mais à frente, veremos isso. 😉


  


 

 

Como entender verbos transitivos e intransitivos

transitivo

Assim que comecei a aprender sobre noção de transitividade e intransitividade de verbos na escola, pensei logo que deveria haver uma listinha de transitivos e intransitivos que, uma vez encontrada em alguma gramática, era só guardá-la na memória. Não demorou muito, no entanto, no decorrer da aula, para eu entender que era apenas uma questão de contexto. Que aquela noção iria sempre depender do enunciado. Como veremos agora:

Lembrando que o verbo será transitivo quando sua ação passar de um agente para um paciente e intransitivo quando não passar.

              Verbo transitivo 

agente              ->              paciente

             Verbo intransitivo

agente              <-                      !

O próprio verbo entender poderia ser também intransitivo na tirinha acima, se o diálogo entre os bonequinhos fosse o seguinte:

Menino – Você já entendeu a matéria, amiguinha? (Aqui, transitivo direto)
Menina – Agora, entendi. (Nesse caso, intransitivo, porque o sentido está completo)

Percebe como vai depender do enunciado? 😉

Importante: se você prestar bem atenção, verá que o verbo intransitivo, se não aparecer sozinho no enunciado, virá acompanhado de advérbio:

O barco afundou (intransitivo/sozinho)
O barco afundou rapidamente (intransitivo/acompanhado de advérbio)

Mas, em outro contexto, poderia ser transitivo, como lemos abaixo:
O torpedo / afundou / o navio (transitivo direto)
Agente            ->        paciente

Beleza? 🙂
Beijo e boa sorte.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Você tem problemas com oração subordinada substantiva?

subordinada substantiva

Siga lendo a postagem que, ao final, eu garanto que não terá mais. 😉

Bom, como sempre digo, primeiro precisamos saber o que é refogado, para depois começarmos a fazer o arroz. Certo? Comecemos:

O que é oração? Respondo-lhe: É um enunciado que se organiza a partir de um verbo: O flamengo/sempre vence (sujeito e predicado) ou /Choveu em Niterói (apenas predicado, sem sujeito). Bem diferente de frase, por exemplo, que pode nem possuir estrutura sintática, como: Caramba! Fogo! Silêncio. Estas, inclusive, por dependerem da situação em que acontecem, são chamadas de frases de situação. Já período é um enunciado com sentido acabado em que se obedecem às regras sintáticas da língua. 

Vejamos um período simples, também conhecido como oração absoluta:
O estudo de sintaxe ainda provoca arrepio em alguns alunos
(uma oração apenas = um único verbo).

Agora, um período composto (duas ou mais orações = dois ou mais verbos):
Renata entrou na sala de aula,/apagou o quadro/e sentou na cadeira do professor.
                    oração 1                       oração 2                             oração 3

Beleza? 🙂
Entendido sobre o que é uma oração, vamos compreender agora o que é uma oração principal e sua subordinada:

O diretor autorizou sua inscrição. Trata-se de um período simples, com uma única oração (absoluta), em que temos sujeito (O diretor), um verbo transitivo direto (autorizou) e um objeto direto (sua inscrição). Este, composto praticamente por uma só palavra (inscrição).

Mas:

O diretor autorizou/que você se registrasse (período composto, duas orações), sendo que a primeira é a principal e a segunda… a segunda… é uma subordinada! Certa a resposta! E a segunda está subordinada à primeira como objeto direto de um verbo da principal. Perceba que, em vez de serem duas palavras como objeto direto, sua inscrição, temos uma oração inteira funcionando no lugar do objeto direto: que você se registrasse. 

Então, nesse exemplo específico, estamos diante de uma subordinada substantiva objetiva direta: uma oração que funciona como objeto direto de um verbo da oração principal – O diretor autorizou.

Só que, além dessa, temos ainda a subordinada substantiva

  • subjetiva
    funciona como sujeito da oração principal
  • objetiva indireta
    funciona como objeto indireto do verbo da oração principal
  • predicativa
    funciona como predicativo do sujeito da oração principal
  • completiva nominal
    funciona como complemento nominal de um nome da oração principal
  • apositiva
    funciona como aposto de um nome da oração principal

Exemplos de cada uma delas:

  • Decidiu-se/que você não joga mais no time (subjetiva)

Decidiu-se – oração principal com verbo transitivo direto na voz passiva sintética (equivale a foi decidido, voz passiva analítica)
se – partícula apassivadora
que você não joga mais no time – subordinada funcionando como sujeito

Note que não existe sujeito na oração principal. O sujeito é a própria oração subordinada e seria como dizer: que você não joga mais no time foi decidido. Quando temos a voz passiva sintética, o agente da passiva costuma ficar indeterminado: Quem decidiu? Não sabemos.

Outro exemplo: Interessa-me/que você venha. Assim, temos: que você venha (subordinada como sujeito), interessa-me (oração principal com verbo transitivo indireto) e me (pronome oblíquo átono como objeto indireto – me equivale a a mim).

Bom ressaltar que, na oração subordinada substantiva subjetiva, o verbo sempre estará na terceira pessoa do singular: decidiu, interessa etc.

  • Necessito/de que me respondam logo (objetiva indireta)

Necessito – oração principal com verbo transitivo indireto (pede preposição)
de que me respondam logo – oração subordinada substantiva objetiva indireta
Liga-se ao verbo da oração principal com preposição. No exemplo acima, com a preposição de.

  • A verdade é/que ele colou na prova (predicativa)

A verdade é – oração principal
que ele colou na prova – oração subordinada substantiva predicativa
Liga-se ao sujeito da oração principal (A verdade) através de um verbo de ligação (em geral, verbo ser). Mas não só. Ex: A gentileza anda escassa na vida (verbo andar em sentido diferente de caminhar é de ligação).

  • Ninguém teve dúvida/de que o deputado mentiu (completiva nominal)

Ninguém teve dúvida – oração principal
de que o deputado mentiu – oração subordinada substantiva completiva nominal
Liga-se a um nome da oração principal (dúvida) com preposição. Nesse caso, preposição de.

Atenção: Não há como confundir a completiva nominal com a objetiva indireta, porque a nominal se liga a um nome, enquanto a indireta, a um verbo. Perceba a diferença:
Ninguém duvidou/de que o político mentiu (subordinada substantiva objetiva indireta, porque duvidou é verbo e não substantivo, como dúvida). Ok? 😉

  • Avistei um avião, que voava baixo (apositiva)

Avistei um avião – oração principal
que voava baixo – oração subordinada substantiva apositiva
Liga-se a um nome da oração principal sem preposição e sem verbo de ligação.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nunca mais confunda adjunto e complemento

Armando Sendin (detalhe)

menino e o cão foto para blog 2

“Nenhum ser humano me deu jamais a sensação de ser tão totalmente amada
como fui amada sem restrições por esse cão.”
                                                             Clarice LispectorA descoberta do mundo

Adjunto e complemento nominal: esses amigos leais

Uma das coisas de que lamento na vida é de não ter tido um cachorro na infância. Fui criança medrosa (até formiga eu temia). A experiência, no entanto, não me foi negada: hoje, adulta, tenho o meu Ulisses. Tive Pingo e ainda tenho um gato: Guepardo.

Quem tem bicho sabe o quanto eles são amigos e colados na gente o tempo todo. Um convívio bem bacana. Bem como o adjunto adnominal e o complemento, sempre leais amigos dos nomes que escolheram para dono. Mas, do mesmo jeito que Pingo e Ulisses eram diferentes em sua maneira de ser, apesar de iguais na amizade canina, o adjunto e o complemento têm diferenças também.

 

E como sabemos? Você pergunta.
Através das palavras, respondo. É uma boa maneira de saber.

As que funcionam como adjunto são as seguintes: artigos, adjetivos, numerais, locuções adjetivas e os pronomes adjetivos. Também é importante saber que o adjunto adnominal só se liga a substantivos (concretos e abstratos) com ou sem preposição. Veja:

A menina sapeca/aprontou/três estranhas peraltices/num dia de chuva/das suas férias

A – artigo definido singular como adjunto do substantivo menina
sapeca – adjetivo como adjunto do substantivo menina

três – numeral como adjunto do substantivo peraltices
estranhas – adjetivo como adjunto do substantivo peraltices

um (de num: preposição em + artigo indefinido um) – adjunto do substantivo dia
de chuvalocução adjetiva como adjunto do substantivo dia

as (de das: preposição de + artigo definido plural as) – adjunto do substantivo férias
suas – pronome adjetivo do substantivo férias.

Note! Menina é um substantivo concreto e peraltices, dia e férias são abstratos. Mas todos são substantivos. 😉 Entendido?

 

Já o complemento…

Nunca se liga a substantivos concretos. Mas está sempre ligado com preposição a palavras de sentido abstrato. São elas:

  • substantivo abstrato
  • adjetivo
  • ou advérbio

Exemplo:

Tenho medo de abismo 
(complemento nominal pedido pelo substantivo abstrato medo)
Estou certa da vitória 
(complemento nominal pedido pelo adjetivo certa)
O professor respondeu apressadamente ao aluno
(complemento nominal pedido pelo advérbio apressadamente)

Lembrando que adjetivo e advérbio são sempre palavras abstratas. O que não ocorre com o substantivo, que tanto pode ser concreto quanto abstrato, como vimos acima.

 

Mas… e quando coincide? Como assim?

Ora, se a construção textual vir com substantivo abstrato e preposição. Como sabermos, então, se é adjunto ou complemento, já que pode acontecer nos dois casos? Simples! 🙂 Acompanhe abaixo:

adjunto e complemento

Outro exemplo:

  • A réplica do promotor/foi pertinente

réplica – substantivo abstrato
do promotor – adjunto adnominal com preposição

  • A réplica ao promotor/foi pertinente

réplica – substantivo abstrato
ao promotor – complemento nominal com preposição

Sabemos que a primeira construção é adjunto porque a réplica é do promotor (indica posse, a réplica é dele!). Além disso, ele é o agente da réplica (ele dá a réplica!). Já na segunda,  ao promotor é o alvo da réplica e aí deixa de ser agente da ação para ser paciente. Perceba que, na frase com o complemento, podemos dizer que o promotor foi replicado, ele sofreu a réplica. O que não acontece com o adjunto na primeira frase.

Mais uns exemplos
Agora, com substantivos abstratos diferentes, partindo da premissa agente/paciente para entendermos melhor.

  • propaganda de TV (a propaganda é da TV/ela é o agente da propaganda)
    adjunto
  • anunciante de carros (carros são anunciados/paciente da ação)
    complemento
  • divulgação do site (o site é divulgado/paciente da ação)
    complemento
  • abertura do processo (o processo é aberto/paciente da ação)
    complemento
  • qualidade do produto (a qualidade é do produto/ele é o agente da qualidade)
    adjunto

Nem a TV nem o produto são alvos ou sofrem ação da propaganda ou da qualidade. Por isso, são adjuntos e não complementos. E não há como transformá-los para a voz passiva como em carros são anunciados, site é divulgado e processo é aberto.

Beleza?
Beijo e boa sorte.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sintaxe não é monstro, gente

SINTAXE

Vamos combinar que não é esse bicho de sete-cabeças todo que pintam? Desde que você conheça bem as palavras, analisar como cada uma funciona na frase torna-se fácil, fácil. O substantivo estudado na morfologia, por exemplo, pode ocupar no período analisado a função de sujeito, objeto direto etc. O adjetivo, por sua vez, pode aparecer como adjunto adnominal, predicativo do sujeito e por aí vamos. Também é importante sabermos que, em toda oração, existem os termos ligados a nomes e os termos ligados a verbos .

Vejamos. Se uma palavra vem relacionada a um nome, só poderá assumir as seguintes funções:

  • adjunto adnominal
  • predicativo
  • complemento nominal
  • aposto

Mas se vem associada a um verbo, ocupará as funções de:

  • objeto direto
  • objeto indireto
  • agente da voz passiva
  • adjunto adverbial

Exemplo:
Tristes árias/silenciam as pessoas na ópera
Sujeito                      Predicado  

Tristes árias – sujeito da oração
silenciam – núcleo do predicado
as pessoas – objeto direto
na ópera – adjunto adverbial de lugar

Mas podemos especificar ainda mais:

árias – substantivo
(funcionando como núcleo do sujeito)
tristes – adjetivo
(funcionado como adjunto adnominal de árias)
silenciam – verbo
(núcleo do predicado verbal)
as – artigo definido plural
(funcionando como adjunto adnominal do substantivo pessoas)
pessoas – substantivo
(funcionando como núcleo do objeto direto)
na – preposição em + artigo a
(a funcionando como adjunto adnominal do substantivo ópera)
ópera – substantivo
(núcleo do adjunto adverbial de lugar)

Beleza? Se deixei alguma dúvida, faça contato que esclareço.
Continuamos com mais exemplos de cada função nas próximas postagens, ok?
Até mais. 😉

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Você conhece bem as nossas palavras?

Quintana e Contreras

– Você ainda não leu O Significado do Significado? Não? Assim você nunca fica em dia.
– Mas eu estou só esperando que apareça O Significado do Significado do Significado.
                                                              Mário Quintana (Fonte: pensador.uol)

 

Eu não me canso de dizer que quem não sabe o “a” não pode saber o “ba”. Ou como já argumentei num texto postado em meu face: quem não entende o que significa refogado, não tem como começar a preparar o prato. Ou seja, se você não sabe distinguir bem cada classe de palavra, se é um adjetivo, numeral etc, não tem condições de analisar sintaticamente como cada uma funciona numa oração ou período. Muito menos utilizá-la de forma adequada num texto.

Então, vamos conhecê-las de perto?

Substantivo nomeia o que existe: mulher, castelo, nação
Adjetivo qualifica o substantivo: mulher ponderadabelo castelo, nação desenvolvida
Artigo – especifica ou generaliza o substantivo: a mulher, uma mulher
Numeral – dá noção de número: primeiro, seis, oitenta
Pronome *substitui ou #modifica substantivo: ela, aquele
(mulher comprou castelo / *Ela comprou #aquele castelo)
Verbo – marca uma ocorrência no tempo: estudei, falar, trabalhamos
Advérbio  altera verbo, adjetivo ou outro advérbio:
Falou devagar
(advérbio de modo alterando verbo falar)
Nação muito desenvolvida
(advérbio de intensidade alterando adjetivo desenvolvida)
Falou tão devagar
(advérbio de intensidade alterando advérbio de modo devagar)
Preposição – liga uma palavra a outra: leite de soja, arroz com feijão
Conjunção – liga duas orações:
Trabalhou muito. Comprou o castelo.
Trabalhou muito e comprou o castelo.
Interjeição – expressa emoção repentina: Poxa! Ah! Ui!

Lembrando que substantivo, adjetivo, artigo, numeral, pronome e verbo são palavras variáveis, ou seja, mudam em gênero (masculino/feminino), número (singular/plural) e no caso do verbo, especificamente, além de pessoa e número, em tempo e modo verbais. Já advérbio, preposição, conjunção e interjeição são termos invariáveis: não mudam em contexto algum.

Lembre-se ainda:

Substantivo é modificado por adjetivo (mulher ponderada), por artigo (a mulher), por pronome (aquela mulher) e por numeral (três mulheres). Verbo, por sua vez, é modificado apenas por advérbio (estudamos bastante).

Beleza? Na próxima postagem, vamos ver como cada uma funciona sintaticamente falando. Ok? Até já! 🙂

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Para quem ama adjetivos como eu

 

cora-coralina

“Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.”
                   Cora CoralinaMelhores Poemas

Desde criança, sempre gostei muito do adjetivo. A capacidade que ele tem de conferir características aos substantivos – boa ou ruim, não importa – e continuar sua vida agradando a gregos e troianos. Se fosse um personagem de novela, o adjetivo seria aquele cara que frequentaria todos os núcleos, falando bem e mal de todo mundo e, ainda assim, ficar legal na fita.

Como lemos nos belíssimos versos de Cora Coralina:
ao substantivo vida é atribuído a particularidade mesquinha.
E ela nem reclama, veja você. 😮

Vestimentas do adjetivo
ou
com que roupa eu vou?

Na forma de se apresentar, o adjetivo muda conforme o gênero (masculino/feminino) ou número (singular/plural):
projeto mesquinho/vida mesquinha; projetos mesquinhos/vidas mesquinhas.

Bom lembrar que o adjetivo funciona como substantivo quando precedido de artigo (adjetivo substantivado): Os mesquinhos não merecem elogios.

Bom lembrar também que um substantivo precedido de preposição caracteriza outro substantivo, tornando-se uma locução adjetiva (locução: mais de uma palavra representando uma só).

  • Um amor de verão (estival)

– de verão (substantivo precedido de preposição/locução adjetiva) representa um adjetivo só (estival). Abaixo, mais exemplos:

  • Descontrole de paixão (passional)
  • Água de chuva (pluvial)
  • Cordão de prata (argênteo)
  • Filme de criança (infantil)
  • Homem sem piedade (impiedoso)

Além de adjetivo, ainda é composto!
Vejamos seus plurais:

 Os adjetivos compostos só variam no segundo elemento, caso este seja também um adjetivo:

  • problema socioeconômico
    (econômico é adjetivo, portanto, problemas socioeconômicos)
  • Camisa azul-clara
    (clara é adjetivo, portanto,  camisas azul-claras)

Mas, se o segundo elemento for um substantivo, não varia:

  • Bolsa verde-oliva
    (oliva é substantivo, então, bolsas verde-oliva)

Nesse mesmo exemplo, incluímos os adjetivos formados pela palavra cor + um substantivo:

  • Olhos cor de rosa

Não se flexionam os adjetivos:

  • azul-marinho – ternos azul-marinho
  • azul-celeste   – chapéus azul-celeste
  • furta-cor         – tecidos furta-cor
  • ultravioleta    – raios ultravioleta

Atenção: o adjetivo composto surdo-mudo varia nos dois elementos

  • surdo-mudo – crianças surdas-mudas

 

Beleza?
Beijo e boa sorte. 🙂

 

 

 

 

 

 

Vamos falar de substantivo?

Grande Sertão Veredas

“Só, e no mais: sem ti, jamais nunca — Minas, Minas Gerais…”
                                        Guimarães Rosa (fonte: pensador.uol)

Substantivo é um cabra macho que aponta todo tipo de ser, como pessoas, coisas, divindades… e muda conforme o gênero (masculino/feminino) e número (singular/plural). Funciona, na sintaxe, como base para outros termos ligados a ele, que o modifica: artigos, adjetivo e pronome, por exemplo.

Eis alguns substantivos: Pedro, Deus, bicicleta, árvore, Itália, beleza, matilha etc.

O substantivo é próprio quando especifica um único elemento de um conjunto.
Marcela (único elemento do conjunto pessoas)
Minas Gerais (único elemento do conjunto estados)
Itália (único elemento do conjunto países)
Deus (único elemento do conjunto divindades religiosas – letra maiúscula)

Ele é comum quando indica qualquer elemento de um conjunto da mesma espécie.
aluno (um aluno qualquer entre outros)
país (não especifica se é Brasil ou França)
estado (não especifica se é São Paulo ou Rio de Janeiro)
árvore (uma árvore qualquer entre outras)
deus (não especifica o Deus religioso: deus do vinho, deus da informática – letra minúscula)

Há também o substantivo comum coletivo que, no singular, dá nome a um conjunto de elementos.
povo (conjunto de pessoas que habita um país, uma região ou um continente)
século (conjunto de 100 anos)
tripulação (conjunto de pessoas que trabalham em um avião ou navio)
gabinete (dos ministros de Estado)
código (de leis ou normas)

O substantivo pode ainda ser concreto ou abstrato.
Quando possui existência própria, sem depender de outros, é concreto: fada, alma, lobisomem, estante, geladeira.
Quando confere qualidades, ações ou atributos aos seres, mas aparecem separados desses seres como se existissem de forma independente, é abstrato: beleza, maldade, destruição, sentimento.

Já quanto à forma, o substantivo é simples ou composto.
casa, pedra, diabo (um elemento só – simples)
pontapé, aguardente, guarda-chuva, além-mar (mais de um elemento – composto).

Beleza?
Beijo e boa sorte. 🙂

 

 

 

As várias facetas dos pronomes indefinidos

Machado

“Estas palavras de Madalena não valiam coisa alguma, nem mesmo como desculpa, porque a desculpa é fraquíssima.  Estevão compreendeu logo que havia algum motivo oculto. Seria o amor?” Machado de Assis – A mulher de preto (Contos Fluminenses).

Pronomes indefinidos relacionam-se à terceira pessoa gramatical de forma vaga e imprecisa. Quando vêm  ligados a substantivos, classificam-se como pronomes indefinidos adjetivos. Veja:

Alguns textos serão lidos depois.
Nenhuma mulher merece isso.
Estevão compreendeu logo que havia algum motivo.

Atenção: Os pronomes indefinidos ocorrem também como locução pronominal indefinida (locução é quando temos mais de uma palavra com um único sentido):
Cada um faz o que lhe dá na cabeça.
Cada qual ensina conforme aprendeu.
Quem quer que venha, não me vencerá
Seja quem for, será bem-vindo.
Seja qual for a nota, não me importarei.

O pronome indefinido algum, depois do substantivo, adquire sentido negativo, como podemos ler no texto de Machado de Assis. Mas se o colocarmos antes, passa a ter significado positivo. Confira:

…valiam coisa alguma (negativo)
valiam alguma coisa (positivo)

Após os substantivos, os indefinidos nenhum/nenhuma, algum/alguma não admitem plural. É errado, então, dizer “Mulheres nenhumas merecem isso” ou “Disputas algumas me interessam”.

Mas, se vierem antes, admitem! Nenhumas mulheres e Algumas disputas (corretíssimo).

Também não é correto usar cada (sozinho) no lugar de cada um.
Então o certo é dizermos “Comeram três barras de chocolate cada um” e não “Comeram três barras de chocolate cada”.

Antes do substantivo, certo é pronome indefinido; depois, adjetivo:

Certo rapaz me abordou de maneira desrespeitosa (pronome indefinido adjetivo).
Contrataram o rapaz certo para o cargo (adjetivo).

O pronome indefinido vários, geralmente usado no plural,  é correto também no singular: Vária espécie animal necessita de proteção.

Agora, abaixo, exemplos de pronomes indefinidos substantivos:

Algo aborreceu você, não?
Tudo o deixa irritado.
Quem sabe a matéria, não erra nunca.

Como costumo ensinar, percebemos que os pronomes indefinidos algo, tudo e quem (gramática) estão funcionando na oração como sujeito (sintaxe). Não estão ligados a substantivo algum. Não é à toa, então, serem carinhosamente apelidados de pronomes indefinidos substantivos. Beleza?

Qualquer informação a mais que precise, faça contato pelo valeriavianna@amigadaletra.com ou pelo facebook

Beleza?
Beijo e boa sorte. 🙂

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